sábado, 14 de fevereiro de 2015

Os Primórdios da eletricidade no Amapá


Macapá, de 1910, vendo no canto da esquerda um poste com lampiões


Os primeiros indícios relacionados à implantação de energia elétrica no Amapá remontam no final do século XXI, quando a cidade de Macapá ainda era mantida por um Conselho Administrativo, coordenado por um Intendente indicado pelo Governo do Pará. 

Em 21 de novembro de 1896, o Conselho Municipal de Macapá publicou um Edital, concedendo a arrematação pública de 50 lampiões e 50 “mangas” de vidros novos, a serem utilizadas no serviço de iluminação noturna da cidade de Macapá. 

Tais materiais foram adquiridos no início do ano seguinte e colocados em locais considerados estratégicos pela Intendência de Macapá, na qual se distribuíam pelas quase dez ruas e travessas existentes na cidade, onde um “faroleiro” (cidadão-responsável pelos serviços de manutenção desses lampiões) percorria no horário entre 19hs e 20hs para acender individualmente as lamparinas – movida à querosene – instaladas em postes de madeira (tipo virola), cumprindo um ritual diário que fora ordenado pelo chefe majoritário da cidade (o Intendente), sendo posteriormente necessário apagar cada lamparina antes das 06hs da manhã. 

O serviço ficou se estendendo entre os anos de 1896 a 1913, quando o Intendente Jovino Dinoá solicitou a expansão dos lampiões para uso interno de prédios públicos como a Fortaleza de São José e a frente da Igreja Matriz (São José). Vale ressaltar que esses serviços eram cobertos por custo incluídos nos orçamentos anuais do Executivo paraense. 

Uma precária geração elétrica
Em outubro de 1929, a cidade de Macapá receberia, pela primeira vez, um fornecimento (provisório) de energia elétrica, quando uma comissão encarregada de proceder aos estudos de levantamentos topográficos para construção da estrada Macapá-Clevelândia, aqui estiveram e trouxeram um pequeno motor com gerador que fornecia eletricidade para algumas casas e ruas da cidade. 

O pequeno motor ficou instalado numa área lateral da residência do então prefeito de Macapá Otávio Ramos, onde autorizou que tal benefício atingisse outras quatro casas que ficavam nas proximidades, por achar “útil e necessário tal serviço”. Essas casas que receberam energia provisória serviam como escola primária, delegacia de polícia e um pequeno depósito municipal. 

O fornecimento elétrico – que era mantido por três horas diárias – durou menos de dez dias, já que a comissão retirou-se da cidade de Macapá após a conclusão desses estudos topográficos, levando consigo o referido gerador. 

Somente na gestão municipal do Major Moisés Eliezer Levy (em fevereiro de 1933) que a cidade macapaense novamente receberia energia elétrico, quando um motor de uso naval, movido à gasolina, seria instalado numa das galerias do prédio da Intendência de Macapá, gerando eletricidade somente para o prédio público e outras três residências adjacentes. Quando o Major deixou o cargo de prefeito, também levou consigo o referido motor por alegar que o equipamento lhe pertencia particularmente. 

Já em novembro de 1937, o prefeito de Macapá Coronel Francisco Ramos Soares, conseguiu através de um pedido pessoal com o então governador do Estado do Pará, José Carneiro da Gama Malcher, a autorização para a construção de uma pequena Usina de Força e Luz (com caldeiras à vapor), para o melhoramento social da cidade macapaense, sendo esta erguida numa área localizada no atual cruzamento da Rua Independência com a Alameda Francisco Serrano. 

Como a cidade não supria de muitos recursos sociais (como prédios ou grandes estabelecimentos comerciais), a Usina somente gerava força hidráulica (fracos movimentos com auxílio das águas) como forma de atender apenas aos engenhos de embarcações atracadas nas imediações das Docas da Fortaleza. Essa Usina de Força se manteve precariamente até setembro de 1938, quando a falta de atenção do Poder Público ocasionou sua paralisação por tempo indeterminado, levando novamente a cidade Macapá a ficar sem tal serviço até a instalação do Governo Territorial, já ocorrido somente na década seguinte.

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